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A revolução digital no agronegócio: como o e-commerce está transformando o setor

HELENICE MOURA

Colunista

3/4/20253 min read

| Helenice Moura

Co-founder da ONG A Liga Digital que leva transformação digital a pessoas de periferia em todo Brasil, atua como consultora de E-commerce e Transformação Digital em grandes empresas do agronegócio. É aluna do MIT Professional Education e professora em instituições renomadas como FIA, ESAMC e ComSchool. Com forte atuação no setor de inovação e tecnologia, contribui ativamente para a capacitação digital e inclusão tecnológica no Brasil. Eleita em 2023 profissional do ano em tecnologia e inovação. Consultora de Excelência Digital da Boehringer Ingelheim.

O avanço da tecnologia digital no agronegócio é uma das mudanças mais significativas nas últimas décadas. Segundo a Statista, o mercado global de comércio eletrônico agrícola está projetado para atingir US$ 30 bilhões em 2025. Essa evolução abre novas oportunidades para produtores e empresários do setor, tornando essencial a adaptação a novas plataformas tecnológicas.

A pesquisa Global Farmers McKinsey 2024 em nove países, revelou um crescimento de 10% na adoção de tecnologias digitais entre 2022 e 2024. A América Latina foi a região que mais avançou nesse período.

A digitalização já é parte fundamental do agronegócio. Em 2022, 50% dos produtores utilizavam plataformas digitais como e-commerce e WhatsApp para suas atividades comerciais e de gestão. Em 2024, essa taxa subiu para 60%, conforme dados da McKinsey. No Brasil e nos Estados Unidos, que possuem grandes extensões agrícolas, a adesão a ferramentas digitais vem cresce rapidamente. Nos EUA, 61% dos agricultores utilizam digital, na América Latina, a preferência por plataformas de comunicação digital, como o WhatsApp, tem impulsionado negócios agrícolas. No Brasil, 88% dos produtores utilizam o aplicativo diariamente, e 77% o utilizam para gestão da propriedade rural.

Apesar da transformação digital, grande parte dos produtores ainda opta pelo contato presencial em negociações de alto valor. No entanto, a recompra de insumos e suporte técnico tem migrado para canais digitais. Estudos apontam que 36% dos agricultores brasileiros já fazem compras online para o campo, enquanto nos EUA esse número é de 24%. Além disso, marketplaces especializados estão cada vez mais presentes no setor, como Cocamar Cooperativa e Orbia . As agrofintechs também ganham força, oferecendo financiamentos digitais para safras e insumos, ampliando a acessibilidade ao crédito rural.

A transformação digital está trazendo benefícios tangíveis para os agricultores. Um exemplo é a iniciativa da Bayer Crop Science no México, que criou um chatbot no WhatsApp Business para fornecer suporte técnico e informações agrícolas. Os principais resultados incluem 73 mil agricultores utilizando a ferramenta ativamente, 41% das dúvidas resolvidas automaticamente e 71% de satisfação entre os usuários. Na Índia, a adoção do WhatsApp tem se mostrado essencial para disseminação de boas práticas agrícolas. Pesquisas indicam que o aplicativo melhora o acesso a informações sobre doenças nas plantações e preços de insumos, facilitando a tomada de decisões.

Apesar dos avanços, ainda existem desafios para a adoção do e-commerce no agronegócio, como infraestrutura logística, desconfiança em transações digitais e complexidade na regulamentação do comércio online de insumos agrícolas e defensivos.

Para superar esses obstáculos, é necessário investimentos em conectividade rural, otimização da logística para e-commerce agro, desenvolvimento de plataformas seguras e intuitivas e capacitação digital de toda cadeia.

O futuro do comércio eletrônico no agronegócio está sendo moldado por inovações como inteligência artificial, blockchain e IoT. As principais tendências incluem crescimento das vendas diretas ao consumidor (D2C), maior transparência e rastreabilidade na cadeia de suprimentos, ampliação da adoção de marketplaces especializados e automação do planejamento de safras e gestão de insumos. Empresas que investirem em transformação digital estarão mais preparadas para um mercado cada vez mais competitivo e dinâmico.

A digitalização e o e-commerce não são mais apenas tendências no agronegócio — são elementos essenciais para garantir competitividade, eficiência e crescimento sustentável. A adoção de tecnologias digitais está transformando a forma como produtores rurais gerenciam suas operações, acessam mercados e interagem com consumidores e fornecedores. O sucesso do setor dependerá da capacidade dos agricultores e empresas em adaptar-se rapidamente ao novo cenário digital, investindo em soluções inovadoras, ampliando a conectividade no campo e superando desafios logísticos e regulatórios. Aqueles que abraçarem essa transformação estarão na vanguarda do agronegócio do futuro, garantindo maior rentabilidade e sustentabilidade para suas operações.

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