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Casas Bahia é vendida e encerra uma era no varejo brasileiro

GESTÃO

Redação

8/19/20252 min read

A icônica rede Casas Bahia, símbolo de acesso ao crédito e popular entre as classes C, D e E, acaba de passar por uma transformação histórica com sua venda para a gestora Mapa Capital. Após quase sete décadas, a mudança representa o encerramento de um ciclo profundamente enraizado no varejo nacional.

A operação foi concretizada por meio da conversão de aproximadamente R$ 1,4 bilhão em debêntures da 10ª emissão em ações ordinárias — R$ 1,5 bilhão segundo outras estimativas —, que totalizaram cerca de 558,8 milhões de novas ações emitidas a um preço médio de R$ 2,95 cada. Assim, a Domus VII Participações — subsidiária da Mapa Capital — passou a deter 85,5% do capital da empresa.

Como parte do plano de transformação, o Conselho de Administração foi ampliado de cinco para sete membros, com três indicações feitas pela Mapa Capital e participação em comitês estratégicos da companhia.

Reestruturação financeira e efeitos imediatos

A operação também teve forte impacto financeiro: a alavancagem da empresa — medida pela razão dívida líquida/Ebitda — caiu de 2,9 para 2,2 vezes, o que pode gerar uma economia em despesas financeiras estimada em cerca de R$ 230 milhões.

Além disso, nos resultados do segundo trimestre de 2025, a empresa registrou recuperação operacional: o Ebitda ajustado cresceu para R$ 572 milhões, um aumento notável, enquanto as vendas totais subiram 6%, atingindo R$ 6,9 bilhões — mesmo tendo fechado cerca de 30 lojas no período. O refinanciamento reduziu a dívida em 40% e melhorou indicadores como o índice dívida líquida/Ebitda de 1,8 para 1,1. Estima-se um alívio financeiro adicional de R$ 400 milhões nos próximos dois anos.

Implicações para o varejo brasileiro

A venda das Casas Bahia carrega grande simbolismo: além de interromper a liderança da família fundadora Klein, interrompe um legado construído com políticas de crédito acessível e forte presença entre os consumidores de renda mais baixa — uma das principais bases que consolidaram a marca.

Especialistas destacam que o futuro da marca dependerá do equilíbrio entre inovação e preservação de sua identidade tradicional. A integração com a digitalização do varejo e modernização das lojas é esperada, mas qualquer mudança nas políticas de crédito pode se afastar de sua base de consumidores fiéis.

Resumo dos principais pontos

  • Mudança de controle: Mapa Capital assumiu 85,5% das ações, encerrando o controle tradicional.

  • Transação financeira: Conversão de R$ 1,4–1,5 bilhões em debêntures, ampliando capital e diluindo minoritários.

  • Governança: Expansão do conselho e inclusão de conselheiros indicados pela nova controladora.

  • Saneamento econômico: Redução da alavancagem, economia financeira relevante e estrutura mais saudável.

  • Expectativas: Foco em modernização e vendas digitais, com atenção às políticas que consolidaram a marca.

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