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Comércio Eletrônico no Mundo: Uma das principais arenas de competição e bons resultados em 2024
SAMUEL GONSALESGESTÃO
Colunista
11/12/20247 min read
Por: Samuel Gonsales
Renomado especialista em e-commerce e transformação digital no Brasil, com mais de 20 anos de experiência no mercado. Palestrante, consultor e autor, ele dedica sua carreira a ajudar empresas de diversos setores a impulsionarem suas operações por meio de tecnologias inovadoras e estratégias de crescimento digital.
O comércio eletrônico mundial já está bem estabelecido, sua ascensão alimentada pela disseminação do acesso à internet de banda larga, com crescimento exponencial das formas de acessar a internet (especialmente smartphones), além de inovações e velocidade na entrega de produtos (última milha), incluindo melhorias significativas em armazenagem sob demanda (fulfillment), entrega de última milha em poucos minutos/horas em grandes centros, aumento da automação dos processos internos e externos das empresas de e-commerce, sistemas avançados para gerir toda a jornada (desde a pré-venda até o pós-venda) e melhoria significativa nos métodos de pagamento, antifraude, sistemas financeiros e de conciliação.
O comércio eletrônico é, indubitavelmente, uma das arenas de competição mundial com os melhores resultados já bastante tempo, em contraponto, por exemplo, ao varejo tradicional, com notícias de fechamentos de lojas físicas, demissões em massa, recuperação judicial e falências mundo a fora.
Em 2022, o comércio eletrônico foi responsável por 20% de um mercado de varejo global de US$ 17 trilhões (US$ 3,4 trilhões oriundos das transações online), deixando bastante espaço para expansão adicional tanto em termos de geografia quanto em categorias de produtos ainda não exploradas, afirmam estudos McKinsey.
Os mercados online na China, América Latina e outras economias em desenvolvimento continuarão a crescer à medida que a digitalização dessas regiões aumenta, especialmente em localidades da América Latina em que a população ainda convive com dificuldades nas telecomunicações e/ou ainda em localidades em que o 5G ainda não é uma realidade – em março/2024, no Brasil, um estudo detectou que de 706 municípios em que 5G havia sido implementado, havia 212 que ainda aguardava licenciamento das antenas para iniciar a operação.
No que diz respeito às categorias vendidas no e-commerce, muitas, como Moda & Acessórios, Linha Branca, Eletroeletrônicos, Informática, dentre outras estão muito consolidades e são bastante representativas, no entanto, espera-se que continue a se expandir para novas categorias importantes de produtos. O Social Commerce, inclusive, desempenhará um papel cada dia mais relevante neste contexto.
Ainda falando sobre o crescimento e expansão do e-commerce, podemos levar em consideração alguns pontos muito importantes, a saber:
O dimensionamento geral da indústria de comércio eletrônico, segundo o Euromonitor International Passport: Varejo, E-Commerce, edição 2023, há um recorte interessante para as categorias de bens de consumo e e-commerce varejista, como mercadorias em geral, vestuário e eletrodomésticos. As receitas globais deste recorte atingiram cerca de US$ 4 trilhões em 2022. Isso pode crescer para entre US$ 14 trilhões e US$ 20 trilhões até 2040, um CAGR (Compound Annual Growth Rate – Taxa anual de crescimento composto) entre 7% e 9%. Cabe lembrar que essa é a média do estudo, que leva em consideração países mais maduros no e-commerce como China e Estados Unidos e países que ainda apresentam grandes possibilidades de crescimento.
Diante dos números apresentados no estudo, é possível compreender que o comércio eletrônico responde por um quinto (20%) de todas as receitas do varejo global e que essa participação global pode chegar entre 27% e 38% até 2040, com o avanço de US$ 3,4 trilhões em 2022 para US$ 11 trilhões no exercício mais conservador (27%) ou US$ 16 trilhões no exercício mais otimista (38%) demonstrando o grau de maturidade que o e-commerce ainda pode atingir dentro de 15 anos.
Em um exemplo prático dessas possibilidades, podemos inserir neste artigo como as plataformas de desconto e preço baixo também estão mostrando sucesso. Mercados online como o Pinduoduo estão crescendo rapidamente na China por meio de suas plataformas de comércio de valor que oferecem preços acessíveis e uma experiência de compra semelhante a um jogo (gamificação). Este modelo de plataforma também ganhou popularidade globalmente, pois empresas como Temu e Shein alavancaram suas fortes cadeias de suprimentos na China, escalando rapidamente nos Estados Unidos, na Europa e na América Latina, especialmente no Brasil, onde, mesmo com a regulamentação das compras de origem internacional que oneraram significativamente as compras, ainda há um movimento de crescimento dessas plataformas de vendas, dados os preços alcançados pelos consumidores, que ainda são competitivos na comparação com o mercado local brasileiro, especialmente em regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos.
Não obstante, inserindo o comércio eletrônico como uma das principais arenas de competição e bons resultados globais, termos o Conversational Commerce expandindo e ganhando forma por conta da facilidade, comodidade e conveniência para essa modalidade de compras, com taxas de conversão muito superiores ao e-commerce tradicional. Se juntarmos no mesmo cesto o e-commerce tradicional, os marketplaces, o Social Commerce, o Conversational Commerce, o potencial da IA generativa, o uso amplificado de aplicativos de encontros, de entretenimento (música, vídeos, filmes, games, séries, apostas onlina etc.), de conversas, dentre outros que estão cada dia mais frequentes no dia a dia das pessoas em um momento geracional transformador dos próximos 15 anos (de 2025 a 2040), o potencial de crescimento das vendas online supera em muito as expectativas do estudo.
Outro ponto a considerar neste artigo é o dinamismo que o comércio eletrônico impôs aos demais mercados. Em um exemplo simplista, Amazon, Alibaba e JD.com criam novos cenários de vendas e entram em mercados com muita velocidade e apetite. O que dizer do Mercado Livre na América Latina: em um planejamento muito dinâmico e execução excelente implementou centros de distribuição em diversas localidades, criou um modelo de entregas para não depender mais dos Correios, que envolve atualmente, inclusive, aviões e passou a entregar as mercadorias no mesmo dia em grandes centros urbanos. O que antes só era possível para pequenos cases de sucesso do e-commerce brasileira, se tornou uma realidade em pouquíssimo tempo para uma plataforma gigante da América Latina, fazendo com que seus concorrentes seguissem (ou pelo menos, tentassem seguir) este mesmo caminho.
Ainda, no que tange ao dinamismo, inúmeras indústrias quebraram silos e elos da clássica cadeia de abastecimento (supply chain) para vender diretamente aos consumidores (D2C). Neste contexto, se junta ao modelo com muito dinamismo, as vendas que são influenciadas. Se em um primeiro momento os influenciados, de todos os tamanhos de público e nos mais diversos perfis, representavam marcas, indústrias e produtos, em pouco tempo começaram a ter suas marcas próprias, vendendo desde a indústria, até seus seguidores, em volumes que ainda estamos estudando e aprendendo, provando que o dinamismo e mudanças constantes nos cenários, criam oportunidades ímpares e reforçam que o e-commerce é um arena de competição e bons resultados com potencial incrível para as empresas e segmentos que se mostram dinâmicos.
Reforçando o conceito de dinamismo e as oportunidades inerentes a ele, podemos citar dois exemplos:
1) A China popularizou o conceito do superapp com o advento do WeChat que permite aos usuários postarem e consumirem conteúdos, pagar inclusive em estabelecimentos físicos do comércio, comprar online etc.
2) O Mercado Livre, que criou uma opção de meio de pagamento integrada à sua solução de plataforma de vendas, que auxilia os consumidores, auxilia os vendedores (sellers), que pode ser utilizada fora do contexto da sua plataforma proprietária de vendas, que, por ser uma instituição financeira permite empréstimos e cartões de crédito para os consumidores e para os vendedores (sellers) criando um ecossistema a partir de seu superapp.
3) Ainda pensando em ecossistemas, precisamos considerar o potencial da Amazon com soluções como Prime Vídeo, Amazon Music e Alexa que tornam sua presença no dia a dia das pessoas mais evidente e frequente. E se a Alexa decidisse se oferecer para lastrear para você a evolução de preços de produtos que você quer comprar na Black Friday e te mandar um alerta quando o produto que você deseja chegar no ponto de preço que você gostaria? Imagina o potencial embarcado nessa solução que já está dentro das casas e escritórios de tantas pessoas mundo afora?
Para finalizarmos este artigo, vale refletir:
· Quais são os próximos mercados promissores para o comércio eletrônico tendo em vista que até mercados tidos como mais difíceis já atuam digitalmente, como saúde e educação a distância, por exemplo?
· Quais os impactos, não triviais como ajudar a cadastrar produtos/catálogos, podemos esperar da IA generativa para acelerar ainda mais a expansão do e-commerce globalmente?
· Haverá restrições que impeçam o crescimento do e-commerce globalmente nos próximos 15 anos? Se sim, serão oriundas de regulamentações locais? Serão oriundas de limitações logísticas? Serão limitações econômicas de consumo?
· Sendo o Omnichannel, ainda que em poucos dos seus mais de 20 macroprocessos possíveis, relevante para muitos consumidores (a exemplo do compre online e retire em uma loja física e/ou locker) como a percepção de frictionless channel influenciará as melhorias nas jornadas de consumo e tornará as vendas online mais expressivas?
· Diante do cenário de muitas mudanças na lógica de consumo, que apostas devemos fazer e que atitudes podemos tomar para assumirmos a vanguarda de nossos respectivos segmentos de consumo?
· Sendo o custo marginal de construir novas tecnologias cada dia menor, especialmente se comparado aos primórdios das vendas online (30 anos atrás) que novas tecnologias podemos esperar, podemos construir ou investir para que o crescimento do e-commerce até 2040 ultrapasse os patamares do estudo apresentado nesse artigo?
· O ChatGPT, ou alguma outra IA, substituirá o uso das buscas através do Google e modificará a forma como as empresas de e-commerce investem em Ads?
Torço para que esse artigo te traga muitas boas reflexões e incentivos para seguir investindo no que ainda está por vir no comércio eletrônico.
Sobre o Autor:
Samuel Gonsales é especialista em Omnichannel, Sistema de Gestão (ERP) e e-Commerce acumulando mais de 27 anos de experiência.
• Certificate MIT - Massachusetts Institute of Technology Leadership Program – (USA).
• Mestre em Administração de Empresas pela Flórida Christian University (Orlando, Flórida, USA).
• Autor do Livro: Sistemas ERP na Omniera.
• Co-Autor do Livro: Vendas + Operações no e-Commerce.
• Participação Especial no Livro: Indústria e E-Commerce.
• Autor de 13 livros digitais (ebooks) sobre e-Commerce e Omnichannel.
• Sócio-Diretor na ExpoEcomm.
• Sócio Advisor na idworks ERP.
• Top E-Commerce Voice LinkedIn 2023.
• Vencedor Prêmio ABCOMM 2017 - Melhor Profissional de e-Commerce.
• Vencedor Prêmio DIGITALKS 2017/2018 - Profissional destaque do Mercado Digital/Tecnologia.
• Prêmio: Entre os profissionais que mais contribuíram com conteúdo relevante nos últimos 10 anos (2019).
• Conselheiro / Advisor de indústrias/fabricantes, distribuidores/atacadistas, varejistas e empresas de tecnologia.
• Palestrante: Eventos, Convenções, Fóruns e Congressos.