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Correios Correm Contra o Tempo para Levantar R$ 10 Bilhões e Planejam Demissão de 10 Mil Funcionários

LOGÍSTICA

Redação

11/25/20253 min read

Uma operação de guerra foi montada em Brasília. Imersos em dificuldades financeiras que se agravaram ao longo de 2025, os Correios vivem uma corrida contra o relógio para levantar ao menos R$ 10 bilhões nos próximos dias. A injeção de capital é considerada vital para equilibrar as contas, recuperar a capacidade operacional e evitar um cenário catastrófico para a principal parceira logística de milhares de e-commerces brasileiros.

Como contrapartida para o saneamento das contas, a direção da estatal planeja um corte drástico na folha de pagamento, visando a demissão voluntária de 10 mil funcionários.

A "Torneira Seca" e a Redução da Meta

Inicialmente, a meta da estatal era captar R$ 20 bilhões para garantir liquidez até 2026 e 2027. No entanto, a realidade do mercado financeiro forçou um recuo. Na primeira rodada de negociações com bancos, as instituições exigiram taxas de juros elevadas — chegando a oferecer custos de 136% do CDI, o que geraria uma despesa anual de R$ 3 bilhões apenas em juros.

Diante do custo proibitivo, a gestão comandada pelo presidente Emmanoel Rondon reduziu a pedida pela metade, buscando agora R$ 10 bilhões em um prazo exíguo de 15 dias. A expectativa é obter o valor via empréstimo com garantia da União.

O Plano de Demissão: 10 Mil Vagas em Jogo

A chegada do empréstimo é fundamental, mas está condicionada a um plano de reestruturação severo. O foco central é a redução de despesas com pessoal, que hoje consome grande parte da receita da empresa.

  • A Meta: O objetivo é desligar 10 mil colaboradores através de um novo Programa de Demissão Voluntária (PDV).

  • A Economia: A estatal projeta que esses desligamentos reduzam a folha salarial em R$ 2 bilhões por ano.

  • O Desafio: Convencer os funcionários a aderir. No último PDV realizado, de um público potencial de 8 mil interessados, apenas 3,6 mil efetivaram a saída. A direção avalia que precisará oferecer condições mais vantajosas desta vez para atingir a meta.

Impactos no E-commerce e a "Taxa das Blusinhas"

A crise atual não é isolada. O ano de 2024 fechou com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, e o primeiro semestre de 2025 manteve a tendência negativa. Parte desse rombo é atribuída à implementação da taxação sobre compras internacionais de até US$ 50 (a "taxa das blusinhas"), que reduziu drasticamente o volume de encomendas transfronteiriças (cross-border), uma fonte de receita crucial para a estatal.

Para o varejo online nacional, a situação exige monitoramento imediato:

  1. Risco Operacional: Com a demissão de 10 mil funcionários (cerca de 8,6% do quadro atual), há receio sobre a capacidade de manutenção dos prazos de entrega, especialmente em regiões onde a estatal já opera no limite.

  2. Negociações de Contrato: A estabilidade financeira é pré-requisito para que os Correios consigam negociar com tranquilidade com grandes players do comércio eletrônico. A incerteza atual pode levar grandes embarcadores a diversificar ainda mais seu mix de transportadoras privadas.

  3. Sustentabilidade: O plano de recuperação visa permitir que a empresa inicie um "ciclo de balanço azul" (lucro) apenas em 2027. Até lá, o e-commerce deve se preparar para uma estatal em transição profunda.

A operação de crédito deve ser definida até o final deste mês. O sucesso ou fracasso dessa captação ditará o ritmo da logística brasileira no próximo ano.

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