Dior Aposta no E-commerce como Principal Fonte de Receita no Brasil
GESTÃO
Redação
7/29/20243 min read
A plataforma digital de cosméticos e perfumes da Dior no Brasil tem registrado um crescimento significativo, com as vendas dobrando anualmente desde o seu lançamento, conforme afirma a gerente-geral da marca no país.
O setor de luxo enfrentou diversos desafios ao entrar no mundo do e-commerce, como questões de segurança no transporte de produtos valiosos, a limitação de estoque e a falta de variedade de tamanhos, especialmente em roupas e calçados. Além disso, havia a preocupação de manter a exclusividade e o atendimento personalizado oferecido nas lojas físicas, que muitas vezes inclui até champanhe para os clientes.
Apesar dessas barreiras, a Dior decidiu implementar uma operação própria de e-commerce no Brasil, voltada para produtos de beleza. Essa iniciativa, que completará quatro anos em novembro, foi especialmente impulsionada pela pandemia. Embora os números exatos não sejam divulgados, o faturamento do site brasileiro tem crescido de forma expressiva desde então.
"Nosso crescimento tem sido exponencial, dobrando a cada ano. Não sabemos ainda até onde podemos chegar", afirmou Daniela Ota, gerente-geral da Dior no Brasil, ao InfoMoney. O Brasil é o quarto maior mercado de beleza do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão, segundo a Euromonitor. Há uma demanda crescente fora das grandes cidades, onde tradicionalmente se concentram as grifes de luxo.
Embora as vendas pelo e-commerce ainda não superem as realizadas por varejistas parceiros como Sephora e Época Cosméticos, a Dior espera que essa realidade mude em breve. "Queremos que o e-commerce se torne nosso principal canal de vendas no Brasil, e estamos perto de alcançar esse objetivo", disse Daniela.
As únicas lojas físicas da Dior no Brasil estão em São Paulo e são focadas em moda e acessórios, sem vender cosméticos ou perfumes. Daniela destaca a necessidade de complementaridade entre as lojas físicas e o e-commerce, oferecendo serviços distintos em momentos diferentes.
O e-commerce da Dior oferece aos clientes a possibilidade de experimentar produtos virtualmente através de uma ferramenta de "virtual try-on", além de agendar consultas com maquiadores ou esteticistas para ajudar na decisão de compra. "No setor de luxo, o atendimento humanizado é fundamental", acrescenta Helena Costa, diretora de Client Success da Infracommerce, empresa que gerencia o e-commerce de várias marcas de luxo, incluindo Dior.
Helena enfatiza a importância de uma experiência de entrega que reflita a qualidade da loja física, incluindo detalhes como embalagens e fragrâncias características. "É um mercado que exige um cuidado extremo com a entrega dos produtos e não tolera erros", afirmou.
Com um foco crescente em tecnologia, a Dior está explorando o uso da inteligência artificial para aprimorar ainda mais a experiência de compra online. "Além da entrega, as marcas de luxo precisam investir em dados, comunicação e reconhecimento de marca para que o e-commerce seja eficaz", concluiu Daniela.
Por enquanto, o e-commerce da Dior no Brasil está limitado a produtos de beleza, com a seção de moda e acessórios indicando onde os itens estão disponíveis nas lojas físicas. No entanto, a marca planeja expandir suas vendas online para incluir esses produtos de maior valor agregado.
Maya Mattiazzo, professora de Canais Digitais do Hub de Moda e Luxo da ESPM, comenta que o setor de luxo foi mais lento em adotar iniciativas digitais. "A internet é democrática, mas o luxo não. Isso explica a entrada tardia das marcas de luxo no e-commerce", afirmou. Ela destaca que a preocupação com cópias de produtos exclusivos ainda é um obstáculo, mas que a prática de influenciadores fazendo unboxings detalhados já expõe muitos desses produtos.
Mattiazzo observa que a experiência de compra em lojas físicas, conhecida como "jornada de encantamento", pode não ser tão atraente para os consumidores mais jovens, que preferem conteúdos curtos e diretos. "O storytelling ainda existe, mas está se transformando para se adequar ao formato digital", conclui.
Fonte: InfoMoney