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Fenômeno Labubu dá sinais de desgaste e Pop Mart amarga desvalorização na bolsa

GESTÃO

Redação

10/2/20253 min read

O “fenômeno Labubu” — série de bonecos colecionáveis da fabricante chinesa Pop Mart — que durante meses foi apontado como fenômeno global de vendas e marketing, começa a mostrar rachaduras. Nos últimos pregões da Bolsa de Hong Kong, as ações da Pop Mart sofreram recuos expressivos, alimentados por dúvidas sobre a sustentação da demanda e pelo esfriamento nas revendas de edições raras.

Queda nas ações e alerta dos analistas

As ações da Pop Mart registraram quedas de até 7% em determinado dia, após um período de valorização intensa que impulsionou a empresa a ultrapassar grandes nomes do mercado tradicional. Esse movimento gera especulação de que a euforia em torno dos bonecos Labubu começou a perder força.

Para muitos analistas, a dependência quase exclusiva da marca em torno de um único produto — ou série de produtos — aumenta o risco de descontinuidade em seu ciclo de “moda colecionável”. Quando o “efeito novidade” dá sinais de cansaço, a sustentabilidade do negócio se torna mais frágil.

Por que o desgaste aparece agora

  1. Aumento da oferta e menor fama de raridade
    O sucesso atraiu maior produção e distribuição, fazendo com que edições antes escassas perdessem parte do seu valor de exclusividade. Com isso, os preços no mercado secundário de revenda — que antes eram inflacionados — começaram a se ajustar para baixo.

  2. Mercado de revenda desvalorizado
    Versões mini e colecionáveis de Labubu sofreram quedas nos preços de reuso, em até 24%, segundo reportagens recentes. Isso sinaliza menos pressão especulativa e menor diferenciação entre unidades comuns e raras.

  3. Percepção de fadiga de marca
    Em vários mercados, houve relatos de menor entusiasmo do público por novas edições, com consumidores mais seletivos e buscando inovatividade além do personagem principal.

  4. Risco regulatório e atenção ao modelo “caixa-surpresa”
    Em alguns países, há pressão regulatória sobre brinquedos vendidos em modelos “blind box” — onde o consumidor não sabe qual versão receberá — dado o risco de impulsividade e apelo especulativo. Esse tipo de crítica pode afetar a confiança de investidores e requerer adaptações no modelo de negócio.

Impactos para o mercado de e-commerce e colecionáveis

  • Menor recuperação de margem via revenda: um dos pilares de lucro na estratégia colecionável, o mercado de revenda forte, perde fôlego e prejudica margens esperadas.

  • Pressão sobre novas coleções: não basta lançar edições similares, será necessário criar personagens novos, séries distintas ou colaborações com artistas para reativar interesse.

  • Risco de saturação do público: muitos colecionadores já acumulam exemplares e demandarão inovação real, não variações simplistas de design.

  • Alertas de fraude e mercado paralelo: com o fenômeno, aumentou também o risco de golpes, com vendedores falsos usando a febre para atrair compradores com preços muito baixos — uma estratégia usada por golpistas no Brasil.

Conclusão

A trajetória meteórica do Labubu e da Pop Mart mostra como uma combinação de apelo viral, criatividade e marketing pode gerar valor expressivo. Mas, cedo ou tarde, o mercado de colecionáveis exige renovação constante. A recente desvalorização das ações sugere que o fenômeno precisa evoluir para não perder força.

Para empreendedores no universo digital, a lição é clara: depender de uma única febre é arriscado. Diversificação de coleções, inovação no design, novas narrativas e adaptação ao feedback do consumidor serão determinantes para manter relevância e sustentabilidade nesse segmento tão volátil.

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