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Inteligência Artificial, Estratégia e Humanidade: O Futuro que Já Chegou Segundo Érico Souza

TECNOLOGIAS

Redação

7/21/20254 min read

Foi unânime! Quem presenciou, sentiu como essa palestra foi daquelas que conseguem equilibrar carisma, provocação e visão estratégica. Érico Souza, responsável pelo e-commerce e lojas físicas da Electrolux na América Latina e professor convidado de e-commerce na Fundação Getúlio Vargas – FGV, foi um presente e tanto no evento.

Com larga experiência à frente de operações de escala global da Eletrolux, Érico conduziu o público por uma jornada ousada e original, usando como ponto de partida um “diálogo” entre ele e uma versão de si mesmo 30 anos no futuro — criada com apoio de inteligência artificial.

O exercício foi mais do que cômico ou criativo. Foi uma experiência reflexiva sobre como empresas e profissionais devem repensar suas competências diante de um cenário onde a automação evolui exponencialmente — mas ainda carrega limites importantes.


A AI é lógica. E negócios exigem mais do que lógica

Na encenação inicial da palestra, Érico chamou ao palco sua versão futura, construída por meio de uma AI treinada com seus próprios dados e histórico profissional. A interação foi propositalmente desconcertante. A inteligência artificial respondia com ironia, entregava métricas, fazia sugestões de campanhas ousadas — mas tropeçava na hora de compreender contexto, humor, ambiguidade ou intuição.

Foi a deixa perfeita para a provocação que se seguiu: “A AI pode entregar gráficos, mas só você sabe o que vira problema no ‘Reclame Aqui’ — e o que vira cliente fiel pro resto da vida.”
Érico defendeu que a AI é, sim, uma ferramenta poderosa — mas limitada quando se trata de originalidade, senso ético e empatia. "Ela trabalha com padrões antigos. A inovação acontece quando se rompe o padrão.".


Estratégia começa com escolhas — não com dados

Ao transitar do humor à análise crítica, Érico apresentou o que considera o verdadeiro diferencial competitivo em tempos de automação: a capacidade de fazer escolhas estratégicas. Inspirado pelo livro “Playing to Win”, de A.G. Lafley (Procter & Gamble) e Roger Martin, ele reforçou que estratégia não é sobre planejar para vencer — mas escolher como vencer.

A partir disso, apresentou a estrutura da chamada “cascata estratégica”, destacando cinco perguntas fundamentais que qualquer empresa — grande ou pequena — deve responder com clareza:

  1. Quais são suas ambições?

  2. Onde você vai competir?

  3. Como você vai vencer?

  4. Quais capacidades precisa desenvolver?

  5. Que sistemas de gestão suportam essa jornada?

Para ilustrar esse raciocínio, Érico trouxe um exemplo inventivo: a criação fictícia de uma lava-louças que usa ultrassom e energia nuclear, com 10 anos de autonomia. Mesmo como exercício hipotético, o produto foi tratado com profundidade — e ajudou o público a entender como posicionar soluções disruptivas no mercado, definindo desde o público-alvo – early adopters conscientes e sustentáveis – até os canais, capacidades industriais e a composição da narrativa de marca.


AI não substitui soft skills. E o mercado não perdoa mediocridade

Um dos momentos mais contundentes da palestra foi quando Érico trouxe à tona uma realidade pouco dita: “Não vai existir mais espaço para gente mediana.”. Ele explicou que tarefas repetitivas, que antes ocupavam tempo e geravam emprego, estão sendo assumidas com rapidez por sistemas inteligentes. E que profissionais com baixa formação crítica, incapazes de gerar ideias, serão naturalmente substituídos.

Por isso, defendeu que o investimento prioritário deve estar no que a tecnologia ainda não consegue replicar: pensamento estratégico, sensibilidade humana, empatia e criatividade. Não por acaso, contou que dos dez dias de treinamento anuais da Electrolux com líderes, apenas um é dedicado à inteligência artificial. Todos os outros são voltados ao desenvolvimento humano.

“Estratégia não é uma planilha. É uma decisão. E a AI pode até ajudar a projetar cenários, mas quem escolhe o caminho é você.”.


Relações humanas ainda fecham mais negócios que e-mails

Ao falar sobre relacionamento, Érico arrancou risos e reflexões ao lembrar que “network não é só café digital e postagem no LinkedIn”. E incentivou os presentes a apertar mãos, sair do home office, fazer piadas ruins presencialmente e construir conexões reais com seus ecossistemas.

“Seu jeans fecha muito mais negócio que qualquer e-mail automático”, brincou. E completou: “Tem muita gente achando que se relaciona porque comenta em post alheio. Mas negócio sério ainda nasce de conversa olho no olho.”, cravou.


O diferencial que ninguém pode copiar

A palestra foi finalizada com uma mensagem clara, firme e absolutamente atual: invista no que só o humano pode fazer. Estratégia, sensibilidade, criatividade, relacionamento, ética.

Esses são os campos onde a inteligência artificial ainda engatinha — e onde os grandes líderes do futuro se consolidarão. O restante, como ele bem disse, “a AI já está fazendo — e fará cada vez melhor.”.

Muito além da tecnologia: o que o futuro realmente exige

Érico Souza mostrou que o futuro do e-commerce e da gestão não pertence a quem domina sistemas, mas a quem domina decisões. O que define uma empresa forte não é o quão automatizada ela é — mas o quanto ela está alinhada com propósitos claros, escolhas conscientes e liderança preparada para o inesperado.

E se pararmos pra pensar, perceberemos e concordaremos que realmente, no fim, não é o algoritmo que constrói uma marca duradoura.


É a capacidade humana de pensar o que o algoritmo ainda não aprendeu a imaginar.

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