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Mercado Livre entra no setor farmacêutico com aquisição estratégica e redesenho digital

MARKETPLACE

Redação

9/10/20252 min read

O Mercado Livre deu seu primeiro passo no varejo farmacêutico ao anunciar a aquisição da Target — farmácia localizada no bairro do Jabaquara, Zona Sul de São Paulo, pertencente à startup Memed. A compra foi feita através da K2I Intermediação, subsidiária da Kangu, braço logístico da plataforma. A operação ainda depende do aval do Cade.

Motivação estratégica e simbolismo da ação

Para o Mercado Livre, que até então estava ausente de um dos mais consolidados e regulados segmentos do varejo, essa movimentação marca uma entrada pioneira. Analistas do Itaú BBA consideram o movimento “óbvio” e mostram que a empresa vinha acompanhando esse setor há anos.

Farmácias no Brasil movimentam cerca de R$ 103,1 bilhões por ano, segundo a Abrafarma, e a categoria OTC (remédios sem prescrição) cresceu 12% em 2024.

Barreiras regulatórias e estratégia de contorno

A regulamentação brasileira impõe que medicamentos online sejam vendidos apenas por farmácias físicas com farmacêutico no local — barreira que impede a operação centralizada via centros de distribuição. A aquisição da Target, portanto, funciona como um projeto-piloto para testar operação dentro do legal à margem dessas restrições.

Analistas da XP e Genial Investimentos apontam que essa farmácia pode se tornar um micro-hub logístico e regulatório, combinando serviços digitais e online, desde prescrição digital (via Memed) até entregas rápidas com infraestrutura do Mercado Envios.

Impacto no mercado farmacêutico e reação das redes tradicionais

O anúncio impactou imediatamente os papéis das redes farmacêuticas: ações da RD Saúde caíram cerca de 6,9%, enquanto as da Pague Menos recuaram 3,7%.

Mesmo reconhecendo o simbolismo da entrada do Mercado Livre no setor, analistas do Safra e BTG avaliam que o impacto no curto prazo será limitado, justamente por sua presença ainda restrita e barreiras legais existentes. Afinal, apenas uma farmácia não basta para competir com redes consolidadas.

Razões pelas quais esse movimento faz sentido para o e-commerce

  • Ampliação de categorias estratégicas: OTC e produtos de autocuidado são recorrentes, de alto giro e margens atraentes — ideais para fortalecer a frequência de compra.

  • Sinergia com logística existente: integração com o Mercado Envios potencializa entregas rápidas e experiencias omnichannel.

  • Escalada futura possível: caso o piloto funcione, o Mercado Livre pode replicar o modelo em outras regiões, criando uma rede nacional de farmácias-hub.

Conclusão

A entrada do Mercado Livre em farmácias representa um movimento cuidadosamente estudado. Apesar da escala reduzida, o gesto sinaliza ambição de tornar-se protagonista em um mercado bilionário e altamente regulado. O real poder do movimento dependerá da capacidade de escalar com velocidade, respeitar regras sanitárias e integrar logística, experiência digital e confiança do consumidor.

As redes tradicionais são alertadas: preparem-se para um novo concorrente digital que avança por dentro da cadeia física.

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