Metade dos ricos das gerações Z e Y admite cometer ‘furtos digitais’ em lojas online

O crescimento do comércio eletrônico trouxe conveniência para consumidores e novas oportunidades para empresas, mas também abriu caminho para fraudes sofisticadas. Um estudo recente da empresa de tecnologia antifraude Socure revelou um dado alarmante: cerca de 50% dos jovens das gerações Z e Y com renda acima de US$ 100 mil anuais admitiram ter cometido ‘furtos digitais’ em lojas online no último ano. A prática envolve enganar varejistas para obter reembolsos indevidos de produtos recebidos.

Como funciona o furto digital?

Esse tipo de fraude pode ocorrer de várias formas, incluindo alegações falsas de não recebimento de produtos, contestação indevida de cobranças no cartão de crédito e até mesmo declarações de compras não intencionais. Muitos consumidores justificam essas ações citando a inflação, tutoriais de influenciadores digitais sobre como obter reembolsos e a aparente leniência dos comerciantes na emissão de estornos.

Plataformas como TikTok têm sido usadas para divulgar métodos de obtenção de reembolsos fraudulentos. Um influenciador com quase 3 milhões de seguidores recentemente publicou um vídeo ensinando como solicitar reembolsos de pedidos supostamente atrasados na Amazon, destacando a tolerância do suporte ao cliente da empresa.

O impacto para os varejistas

O furto digital não é um problema isolado. Além de causar prejuízos financeiros, ele compromete a confiança entre lojistas e clientes legítimos. De acordo com um estudo da Chargebacks911 e do Strawhecker Group, estornos custam aos comerciantes até 3,75 vezes o valor da transação original, devido à perda de receita, taxas de estorno e impacto negativo nos relacionamentos com redes de cartões.

Casos relatados em fóruns online, como no Reddit, mostram comerciantes lutando para reverter estornos injustos. Um lojista contou que um cliente admitiu ter recebido o produto, mas insistiu no reembolso indevido. Mesmo após apelar ao PayPal, a solicitação foi encerrada em favor do fraudador, evidenciando a fragilidade dos mecanismos de proteção ao comerciante.

Como os lojistas podem se proteger?

Especialistas recomendam que os varejistas reforcem suas medidas de verificação para minimizar os riscos de furto digital. Entre as estratégias sugeridas estão:

• Coleta de mais informações sobre os clientes: Dados adicionais podem ajudar a provar que a compra foi legítima.

• Verificação aprimorada de transações suspeitas: Utilizar tecnologias antifraude para identificar padrões de comportamento suspeitos.

• Monitoramento de tentativas repetidas de reembolso: Clientes que constantemente solicitam estornos devem ser sinalizados.

• Uso de evidências para contestar estornos fraudulentos: Documentar a entrega do produto e o recebimento por parte do cliente pode ajudar na defesa contra fraudes.

Embora as consequências para os fraudadores sejam atualmente limitadas, alguns varejistas começaram a bloquear contas suspeitas e fortalecer suas políticas de reembolso. A conscientização sobre o problema e a adoção de medidas preventivas são essenciais para garantir um ambiente mais seguro no e-commerce.

O furto digital pode parecer um golpe fácil para alguns consumidores, mas a longo prazo, compromete a sustentabilidade do comércio eletrônico. Cabe aos lojistas e plataformas reforçarem suas defesas para evitar prejuízos e manter a integridade do setor.

Fonte: Estadão

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