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O movimento dos marketplaces no Brasil.

PEDRO SCRIPILLITI

Colunista

5/1/20253 min read

Por: Pedro Scripilliti

Especialista em e-commerce e omnichannel, com quase 20 anos de experiência no setor. Cofundador da Fundamentos Digitais / Mentor Pack Consultoria, tem um histórico de sucesso na criação e otimização de centenas de projetos digitais para B2C, B2B e B2B2C. Liderou a transformação digital da Amara NZero, impulsionando melhorias em ERP, CRM, BI e e-commerce. Atualmente, é Consultor especializado em B2C e B2B, advisor da VC Verve Capital e palestrante, ajudando a moldar a próxima geração de excelência digital no Brasil.

Nos últimos anos, temos observado um movimento cada vez mais forte entre os grandes marketplaces: a terceirização de seus softwares, que antes eram desenvolvidos in house. Esse ajuste estratégico tem como principal objetivo reduzir custos operacionais, melhorar a rentabilidade e focar recursos no core business. Ao invés de manter equipes robustas de tecnologia e infraestrutura, os marketplaces têm optado por soluções especializadas no mercado, garantindo maior eficiência e inovação contínua sem os altos custos de desenvolvimento e manutenção.

A decisão de terceirizar o desenvolvimento de software não é apenas uma questão de corte de despesas, mas sim de otimização dos recursos e agilidade na implementação de novas funcionalidades. Desenvolver e manter uma tecnologia própria exige um time altamente qualificado, custos elevados com servidores, segurança da informação e um esforço constante de atualização para acompanhar as mudanças do mercado. Empresas especializadas em tecnologia para e-commerce já possuem soluções avançadas, escaláveis e adaptáveis às necessidades dos marketplaces, permitindo que esses players direcionem seus investimentos para áreas estratégicas como aquisição de clientes, logística e experiência do usuário. Além disso, ao adotar soluções terceirizadas, os marketplaces podem reduzir o time-to-market de novas funcionalidades e garantir um suporte técnico especializado, minimizando falhas operacionais e aprimorando a performance da plataforma.

Paralelamente a essa tendência, há uma clara evolução na adoção do modelo 3P (third-party), onde os marketplaces ampliam sua oferta de produtos ao permitir que sellers terceiros comercializem diretamente na plataforma. Essa estratégia não apenas expande significativamente o mix de produtos e diminui custo de estoque próprio - 1P, mas também melhora a experiência do cliente, permitindo que ele encontre tudo o que precisa em um único ambiente. Isso gera conveniência e fidelização, fatores essenciais para a competitividade no varejo digital.

Do ponto de vista financeiro, a combinação dessas estratégias impacta diretamente na redução do Custo de Aquisição de Clientes (CAC). Em um cenário onde os investimentos em mídia paga e performance digital aumentam continuamente, reduzir esse custo é um dos grandes desafios das operações. Com um marketplace mais completo e atrativo, os clientes chegam organicamente por meio de uma experiência de compra melhorada e uma oferta mais ampla, reduzindo a dependência de campanhas pagas para aquisição de novos usuários. Além disso, consumidores satisfeitos tendem a retornar, impulsionando o engajamento e a retenção sem necessidade de um novo investimento para trazê-los de volta.

O aumento do Lifetime Value (LTV) também é uma consequência direta dessa estratégia. Quando um consumidor encontra uma variedade maior de produtos dentro da mesma plataforma, a chance de ele continuar comprando ali aumenta consideravelmente. Com isso, cada cliente gera mais receita ao longo do tempo, tornando a operação mais rentável. Além disso, um marketplace que investe em experiência do usuário, atendimento eficiente e logística otimizada consegue criar um ciclo de recorrência que fortalece ainda mais o LTV. A fidelização não só reduz a necessidade de novos investimentos para atrair clientes, mas também melhora a previsibilidade da receita, tornando o negócio mais sustentável no longo prazo.

Diante desse cenário, os marketplaces que souberem equilibrar a otimização de tecnologia com uma oferta variada de produtos por meio do modelo 3P estarão mais preparados para enfrentar os desafios do varejo digital, maximizando rentabilidade e fortalecendo a relação com seus consumidores. O futuro do e-commerce está na eficiência operacional e na experiência centrada no cliente, e aqueles que conseguirem integrar esses pilares sairão na frente na corrida pelo crescimento sustentável.

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