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O papel da liderança em comunidades: como ser um facilitador de conexões autênticas

CESAR MARTINS

Colunista

4/3/20255 min read

Por: Cesar Martins

Cesinha está no mercado digital desde 2014 e é o fundador do E-Commerce House, uma das maiores comunidades de e-commerce do Brasil, com mais de 2.000 membros ativos. Reconhecido por sua habilidade de conectar pessoas e criar oportunidades, lidera um ecossistema que valoriza o humano tanto quanto o digital. Recentemente, fundou a Nothing New Co., um projeto com uma visão provocativa e sofisticada, que desafia padrões e abre espaço para novas possibilidades no âmbito de transformação digital. Sempre focado em construir conexões genuínas, ele transforma relacionamentos em negócios que impactam o mercado.

Se tem uma coisa que eu aprendi é que liderar uma comunidade não é sobre ser o dono da bola é sobre garantir que o jogo aconteça da melhor forma para todo mundo.

O erro de muita gente ao tentar criar uma comunidade é achar que precisa ser o centro das atenções o tempo todo.

A real? Se sua comunidade depende só de você para sobreviver, você não tem uma comunidade, você tem um fã-clube.

E, meu amigo, fã-clube só funciona pra celebridade. Se você quer criar algo sustentável, precisa entender que um bom líder não é aquele que domina a conversa, mas sim aquele que facilita conexões e oportunidades para os outros.

Então, bora entender como liderar uma comunidade sem matar a essência dela?

O líder de comunidade não é o chefe, é o facilitador

Esquece aquela ideia de "dono da comunidade". Se você enxerga sua comunidade como uma empresa onde você é o CEO e os membros são seus funcionários, já começou errado.

O líder de uma comunidade tem um papel muito mais parecido com o de um anfitrião de festa.

Imagina que você convida um grupo de amigos para um churrasco na sua casa. Você não está ali para dar ordens, mas para garantir que:

· Todo mundo se sinta bem-vindo.

· As conversas fluem de forma natural.

· As pessoas se conectam umas com as outras.

Esse é o trabalho do líder de uma comunidade.

Na minha comunidade, desde o primeiro dia, minha missão foi essa: conectar as pessoas certas e facilitar interações que realmente fizessem sentido.

Se eu tivesse tentado ser o "guru do e-commerce" que fala sozinho o tempo todo e dita as regras sem ouvir ninguém, o grupo teria morrido rápido.

Quer um exemplo claro? Em qualquer evento nosso a coisa mais comum de ouvir é:
"Cara, você PRECISA conhecer essa pessoa!"

E esse é o papel de quem lidera uma comunidade: fazer com que as conexões aconteçam naturalmente, sem precisar estar no centro de tudo.

Quem tem voz dentro da comunidade? (Spoiler: Todo mundo)

Uma comunidade só cresce de verdade quando as pessoas sentem que têm voz.

Se a sua comunidade só permite que meia dúzia de pessoas falem, ela já nasceu com data de validade.

O nosso maior diferencial sempre foi o fato de que não importa se você é um executivo de uma grande empresa ou um pequeno lojista começando agora todo mundo tem espaço para falar e contribuir.

· As pessoas precisam se sentir úteis.

· Elas precisam se sentir parte de algo maior.

· E, acima de tudo, precisam sentir que têm voz.

Se um membro entra no grupo e só vê um ou dois falando o tempo todo, ele não vai se sentir parte daquilo.

Agora, quando as interações acontecem de forma aberta, com diferentes membros trocando ideias, pedindo ajuda e compartilhando experiências, a comunidade ganha vida própria.

Como garantir que isso aconteça?

· Evite um ambiente hierárquico demais – Se só um grupo de “VIPs” tem poder de fala, os outros vão se sentir excluídos.

· Incentive os novos membros a se apresentarem – Quanto mais cedo alguém participa ativamente, mais rápido ele se sente parte.

· Dê espaço para todos os tipos de contribuições – Desde um insight sobre e-commerce até uma recomendação de ferramenta, tudo é válido quando a intenção é ajudar.

3. O líder precisa saber quando puxar assunto e quando sair de cena

Aqui vem um dos segredos mais importantes para liderar uma comunidade: saber quando intervir e quando deixar a conversa fluir sozinha.

Existem dois extremos que podem matar qualquer comunidade:

· O líder que fala demais e não deixa ninguém participar.

· O líder que nunca aparece e deixa o grupo morrer.

O ideal é encontrar o equilíbrio.

· No começo, você PRECISA puxar conversas. Se as pessoas entram no grupo e não veem engajamento, elas vão embora.

· Com o tempo, sua comunidade começa a se autogerenciar. Quando o grupo chega a um ponto onde os próprios membros puxam pautas, ajudam uns aos outros e criam interações sem que você precise mediar tudo, você sabe que fez um bom trabalho.

· Percebi, nas minhas experiências, que a comunidade estava saudável quando os próprios membros começaram a criar conteúdos, marcar encontros espontâneos e sugerir novos formatos de networking.

Isso só acontece porque ninguém sente que precisa da minha permissão para contribuir.

E esse é o segredo: o líder precisa construir um ambiente onde as conexões fluam sem depender dele.

Criando a cultura certa dentro da sua comunidade

Toda comunidade precisa ter uma cultura clara.

Se você não define isso logo no início, a cultura vai se formar sozinha – e pode não ser a que você quer.

Eu sempre deixei claro que não somos um grupo para autopromoção desenfreada e que o foco era trocar experiências e gerar valor.

Se eu não tivesse feito isso, a comunidade poderia facilmente ter virado um grupo de spam, onde cada um só entra para vender seu peixe e ninguém se ajuda.

Para criar uma cultura forte dentro da sua comunidade, siga esses passos:

· Defina valores desde o começo

Qual é o DNA da sua comunidade? O que diferencia ela das outras?

O valor principal sempre deve ser conectar pessoas sem interesse oculto.

Isso cria um ambiente onde as interações são genuínas, e não apenas transacionais.

· Deixe as regras claras (e aplique elas!)

Se você não tem regras claras, em pouco tempo sua comunidade pode sair do controle.

Algumas dicas básicas são:

· Nada de spam ou autopromoção exagerada.

· Respeito acima de tudo – sem tretas desnecessárias.

· Todo mundo tem espaço para falar e contribuir.

Se alguém quebrar essas regras repetidamente, é hora de chamar para conversar ou, se necessário, remover da comunidade, no meu caso, dependendo do que for a remoção é imediata, prefiro deixa um insatisfeito que todo um grupo, e isso funciona indiferente de cargos e empresas, lá todos somos iguais.

· Celebre as pequenas interações

Se um membro ajuda outro, se alguém compartilha um insight legal ou se uma conexão bacana acontece dentro do grupo, reconheça isso.

Comunidade forte é construída em cima de pequenas interações diárias.

Conclusão: Um bom líder de comunidade não centraliza, ele distribui poder

Se tem algo que quero que você lembre desse artigo, é isso:

· Liderar uma comunidade não é sobre ser o centro das atenções, é sobre conectar as pessoas certas.

· Seu trabalho é criar um ambiente onde as conexões fluam naturalmente.

· As melhores comunidades são aquelas onde todo mundo sente que tem voz, não só um grupo seleto.

Agora me conta: você já participou de uma comunidade onde sentiu que sua voz não era ouvida? O que fez diferença para você se engajar de verdade?

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