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Startups querem provar que o supermercado online ainda tem futuro no Brasil

TECNOLOGIAS

Redação

5/27/20253 min read

Após o boom impulsionado pela pandemia, o e-commerce alimentar brasileiro vem enfrentando uma fase de retração. A volta às compras presenciais e o desafio de competir com os grandes varejistas físicos fizeram várias startups deixarem o mercado – entre elas, Merqueo, Justo e Mercado Diferente. Mas nem todas desistiram. Algumas resistem e estão traçando novos caminhos para mostrar que ainda há espaço para inovar no setor.

Para Guilherme Nazareth, CEO da Trela, o grande equívoco foi tentar simplesmente replicar o modelo do supermercado físico no digital. “A competição nunca foi entre startups. Sempre foi com o varejo tradicional”, afirma. E os números confirmam: os supermercados online ainda representam apenas 2,5% do volume de vendas do setor alimentício, que movimentou cerca de R$ 1,27 trilhão em 2023, segundo a ABRAS.

A Trela, que se posiciona como um supermercado digital focado em alimentos saudáveis, tem apostado em diferenciais para reverter esse cenário. Um deles é o rompimento com o modelo baseado em estoque parado. Com um centro de distribuição na Lapa (SP) onde 70% da estrutura é dedicada a câmaras frias, a startup opera em modelo just in time, com entregas programadas e reposições frequentes diretamente dos fornecedores. Hortifrúti, frutos do mar e pães, por exemplo, são entregues duas vezes ao dia e seguem rapidamente para o cliente.

Outro pilar é a curadoria. A Trela aposta em uma seleção de produtos que fogem do óbvio e dificilmente são encontrados nos supermercados tradicionais. Essa estratégia também impacta a logística: nada de prometer entregas ultrarrápidas — a empresa incentiva o consumidor a planejar suas compras com antecedência, como faria com uma ida ao supermercado.

O modelo tem dado certo: no último ano, a Trela cresceu 12 vezes em GMV (volume bruto de mercadoria) e 8 vezes em receita, com redução de 70% no CAC (custo de aquisição de cliente). Em 2022, a empresa captou US$ 25 milhões em uma rodada Série A liderada pelo SoftBank. A expansão é cautelosa: por enquanto, atende o centro expandido de São Paulo e Alphaville, com planos de crescer para outras regiões a partir de 2026.

Raizs: crescimento com os pés no chão

Seguindo uma linha parecida, a Raizs também foca em produtos saudáveis e optou por reorganizar sua operação para crescer com mais estabilidade. “Já passamos por momentos difíceis, mas hoje não é um deles”, conta o fundador e CEO, Tomás Abrahão. Em 2023, a startup cresceu 50% em receita – e, melhor ainda, triplicou o EBITDA.

Para alcançar esse resultado, a empresa otimizou custos, enxugou a operação, encerrou unidades deficitárias e concentrou esforços nas linhas mais rentáveis. “Às vezes é preciso abrir mão de parte do sonho para manter o sonho vivo”, resume Tomás.

A Raizs combina marca própria, produção white label com parceiros e um ecossistema digital robusto que conecta agricultores ao consumidor final. A tecnologia é peça-chave na operação, com inteligência artificial auxiliando no abastecimento e redução de desperdícios.

Atualmente, a empresa conta com cerca de 3 mil SKUs, opera seis centros de distribuição em São Paulo e emprega 320 pessoas. Com uma base de 100 mil clientes ativos, a expectativa é manter o ritmo de crescimento em 2025.

Em comum com a Trela, a Raizs também captou recursos em 2022: R$ 20 milhões em uma Série A liderada pela Solum Capital e com participação da KPTL.

Tomás também reforça que o verdadeiro desafio não está entre startups concorrentes, mas sim em enfrentar a estrutura dominante do varejo. “Não acredito na ideia de que só um pode vencer. Esse mercado é muito maior que isso”, conclui.

Fonte: Startups

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