TikTok Shop estreia no Brasil e pode movimentar até R$ 3 bilhões no e-commerce em 2025

A TikTok Shop já está oficialmente ativa no Brasil desde o dia 8 de maio e promete inaugurar uma nova era do social commerce no país. Com mais de 111 milhões de usuários ativos, o TikTok agora se posiciona não apenas como uma rede social de entretenimento, mas também como uma poderosa plataforma de vendas, conectando marcas, criadores de conteúdo e consumidores em um ecossistema dinâmico e interativo.

Segundo estimativas do banco Santander, a operação brasileira da TikTok Shop pode movimentar até R$ 39 bilhões até 2028, representando entre 5% e 9% do comércio eletrônico nacional. Em 2024, a plataforma já havia registrado globalmente US$ 33,2 bilhões em vendas, quase o triplo do ano anterior.

Uma nova lógica de consumo: conteúdo que converte

Diferente dos modelos tradicionais de e-commerce baseados em imagens estáticas e descrições, a TikTok Shop aposta na integração entre vídeo, lives e afiliados. Os produtos são apresentados dentro de vídeos curtos ou transmissões ao vivo, com links diretos para compra — tudo sem sair do app. A aba “Shop” funciona como um marketplace, enquanto o programa TikTok Shop Ads conecta marcas a criadores comissionados por venda.

Para Henrique Troitinho, CEO da Score Media, a novidade representa a fusão natural de dois hábitos bem enraizados no Brasil: assistir vídeos e comprar online. “É possível que essa novidade se torne um dos principais canais de vendas do país”, avalia.

Milhares de criadores como força de vendas

O modelo da TikTok Shop vai além das lojas oficiais. Ele transforma criadores de conteúdo em vendedores ativos, ampliando o alcance das marcas por meio da criatividade e da influência. “O brasileiro tem as duas coisas que esse modelo exige: criatividade como criador e estratégia como empreendedor”, afirma In Hsieh, da Gouvêa China Desk.

Essa abordagem democratiza o acesso ao comércio eletrônico, beneficiando especialmente pequenos empreendedores que podem usar perfis de criadores e links afiliados para vender seus produtos com mais agilidade e alcance.

Categorias em alta e estratégias de entrada

Moda, cosméticos, acessórios e eletrônicos lideram o ranking de produtos com melhor desempenho global na plataforma. A tendência é que essas categorias também ganhem força no Brasil — desde que as marcas estejam inseridas organicamente no conteúdo consumido, tornando a compra mais natural e fluida.

Fernando Moulin, especialista em negócios e partner da Sponsorb, reforça a importância da presença estratégica das marcas: “O primeiro passo é configurar os perfis e associar os produtos a influenciadores que compartilhem os mesmos valores da marca”.

Varejo em alerta: digitalização e integração são urgentes

Com o consumidor cada vez mais multiplataforma, o varejo brasileiro precisará acelerar a integração entre canais físicos, digitais, social commerce e live commerce. Segundo a pesquisa da Opinion Box, 80% dos usuários brasileiros acessam o TikTok todos os dias, 45% seguem marcas, e 36% já compraram influenciados por conteúdos na rede.

A chegada da TikTok Shop reforça a necessidade de adaptação. Quem não acompanhar essa transformação corre o risco de ficar irrelevante em um ambiente onde a jornada de compra está se tornando cada vez mais fluida, espontânea e audiovisual.

Concorrência ou complemento?

Embora gigantes como Shopee, Mercado Livre e Amazon sigam dominando o cenário do e-commerce nacional, analistas apontam que a TikTok Shop deve atuar mais como um canal complementar do que como um concorrente direto. A expectativa é que a nova plataforma traga volumes incrementais, atraindo consumidores com uma proposta mais interativa e focada em descoberta.

Logística: o próximo desafio

Inicialmente, a operação logística no Brasil será realizada por parceiros locais, seguindo o modelo adotado no México. Caso a TikTok decida internalizar sua logística, como fez no Reino Unido, será necessário construir uma infraestrutura robusta — algo que demandará tempo, investimentos e forte atuação regional.

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